Planeamento

Aulas

3 fevereiro Apresentação da UC: potencialidades e fiabilidade dos métodos qualitativos Vitor Sérgio Ferreira (ICS-ULisboa)

Apresentação dos conteúdos de cada sessão da UC, a narrativa programática que os articula entre si, bem como a forma de avaliação. Apresentação e discussão dos fundamentos históricos e epistemológicos dos métodos qualitativos. Os conceitos de reflexividade metodológica, posicional e ética.

 

Bibliografia recomendada

Berger, Roni. 2015. «Now I See it, Now I Don’t: researcher’s position and reflexivity in qualitative research». Qualitative Research, 15, nº 2, 219–234. https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/1468794112468475

Ferreira, Vitor Sérgio (2024). Elogio al método: cuestiones de fiabilidad en la producción y el análisis de datos cualitativos. In Silvia Escobar Fuentes, Francisco Manuel Montalbán Peregrín (eds.), La Práctica de la Metodología Cualitativa, Madrid: Dykinson, pp. 26-35 (ISBN: 978-84-1070-727-6). https://www.dykinson.com/libros/la-practica-de-la-metodologia-cualitativa/9788410707276/

Shaw, Rhonda M., Julie Howe, Jonathan Beazer, Toni Carr. 2020. «Ethics and Positionality in Qualitative Research with Vulnerable and Marginal groups». Qualitative Research, 20, nº 3, 277–293. https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1468794119841839

St. Pierre, Elizabeth Adams. 2021. «Post-Qualitative Inquiry, the Refusal of Method, and the Risk of the New». Qualitative Inquiry, 27, nº 1: 3–9. https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1077800419863005

Subramani, Supriya. 2019. «Practising Reflexivity: ethics, methodology and theory construction», Methodological Innovations, 12, nº 2, 1–11. https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/2059799119863276

 

 

10 fevereiro Amostragem e seleção de casos em investigação qualitativa: diversidade e saturação Rosalina Pisco Costa (Univ. Évora)

Quais e quantos casos são necessários para obter dados que permitam responder às questões e objetivos de investigação? Por aproximação ao paradigma quantitativo, baseado em pressupostos de natureza matemático-estatística, nomeadamente na teoria das probabilidades, são convocados conceitos-chave relativamente familiares, tais como ‘universo’, ‘população’, ‘tipo’ e ‘dimensão’ da ‘amostra’. Ancorada nos pressupostos teórico-epistemológicos que enformam a perspetiva qualitativa, de tipo intensivo e em profundidade, esta sessão ensaia uma resposta alternativa. Em concreto, apresenta e explora os princípios da diversidade e saturação como instrumentos para combater os argumentos de falta de representatividade e generalização selvagem, frequentemente endereçados aos estudos qualitativos. Adicionalmente, exemplifica e discute diferentes abordagens tendo em vista uma seleção de casos que permita ultrapassar a lógica quantitativa imposta pela dicotomia aleatoriedade/não aleatoriedade.

 

Bibliografia recomendada

Baker, Sarah Elsie, e Rosalind Edwards, org. 2012. «How Many Qualitative Interviews Is Enough?: expert voices and early career reflections on sampling and cases in qualitative research». National Centre for Research Methods Review Paper. Southampton, GB: National Centre for Research Methods. http://eprints.ncrm.ac.uk/2273/4/how_many_interviews.pdf

Guerra, Isabel Carvalho. 2006. Pesquisa Qualitativa e Análise de Conteúdo: sentidos e formas de uso. Estoril: Principia.

Mason, Jennifer. 2002. Qualitative Researching. 2ª edição. London: SAGE.

Patton, Michael Quinn. 2015. Qualitative Research and Evaluation Methods: integrating theory and practice. 4ª edição. Thousand Oaks: SAGE.

17 fevereiro Técnicas coletivas de produção de dados discursivos Vitor Sérgio Ferreira (ICS-ULisboa)

Esta aula pretende abordar as fonteiras e as convergências entre algumas técnicas coletivas de produção de dados discursivos, nomeadamente, a entrevista em grupo, o grupo focal ou de discussão, as rodas de conversa e as oficinas. Nesta perspetiva, a sessão dará relevância aos seguintes tópicos: o estatuto epistemológico de cada uma destas técnicas: o que são e para que servem? Quais as diferenças entre si? Como preparar e organizar um grupo: com quem, onde, como? Discutiremos o papel do moderador como facilitador de discussão, e os efeitos interativos das situações coletivas na produção de dados discursivos.

 

Bibliografia recomendada

Ferreira, Vitor Sérgio, e Alexandra Raimundo. 2017. «Conversas Entre Jovens: o uso youth-friendly de grupos focais». In Pesquisar Jovens: Caminhos e Desafios Metodológicos, org. Vítor Sérgio Ferreira. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 57-89.

Morgan, David L. 1996. «Focus Groups». Annual Review of Sociology, 22: 129–152. https://www.annualreviews.org/doi/abs/10.1146/annurev.soc.22.1.129

Onwuegbuzie, Anthony J., Wendy B. Dickinson, Nancy L. Leech, e Annmarie G. Zoran. 2009. «A Qualitative Framework for Collecting and Analysing Data in Focus Group Research». International Journal of Qualitative Methods, 8, nº 3: 1-21. https://doi.org/10.1177/160940690900800301

Peek, Lori, e Alice Fothergill. 2009. «Using Focus Groups: lessons from studying day care centres, 9/11, and Hurricane Katrina». Qualitative Research, 9, nº 1: 31-59. https://doi.org/10.1177/1468794108098029

Smithson, Janet. 2000. «Using and Analysing Focus Groups: limitations and possibilities». International Journal of Social Research Methodology, 3, nº 2: 103-109. http://www.sfu.ca/~palys/Smithson-2000-Using&AnalysingFocusGroups.pdf

Turner, Philip, Thomas Rushby, Stephanie Gauthier, Patrick James, AbuBakr Bahaj, Victoria Aragon, Trevor Sweetnam, e Duncan Ellis. 2021. «An Online ‘Face to Face’ Focus Group Approach for Understanding How Household Energy Use and Green Investment Decisions Differ by Personality Traits». International Journal of Qualitative Methods, 20: 1–17. https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/16094069211038312

 


 

24 fevereiro Tipos e usos da entrevista individual Vitor Sérgio Ferreira (ICS-ULisboa)

O lugar que as entrevistas vieram a ocupar dentro da pesquisa social é muito relevante e equacionado de forma substancialmente diferente do passado. Ao sucesso das técnicas de entrevista ditas “semi-directivas” ou “semi-estruturadas” próprias aos paradigmas estrutural-funcionalistas, tem-se seguido o uso de formas mais criativas de entrevistar. A partir de exemplos concretos, abordar-se-ão aspetos como: o estatuto epistemológico das entrevistas (o que é e para quê); a entrevista como situação excecional de comunicação; os diversos usos da entrevista individual, de acordo com os objetivos de pesquisa, e o grau de diretividade na sua condução; quem entrevistar (a lógica das amostrar e a lógica dos casos); o estatuto e o estilo de entrevistador, a gestão da relação de interação entre entrevistador/entrevistado, e os respetivos efeitos na produção de conhecimento.

 

Bibliografia recomendada

Bertaux, Daniel. 2020. As Narrativas de Vida. Lisboa: Mundos Sociais.

Brandão, Ana Maria. 2020. «‘Acho que Já Não Vou Embora Como Entrei': implicações epistemológicas, metodológicas e deontológicas da entrevista de história de vida». Sociologia Online, nº 22: 30-43. https://doi.org/10.30553/sociologiaonline.2020.22.2

Evans, James, and Phil Jones. 2011. «The Walking Interview: methodology, mobility and place». Applied Geography, 31, nº 2, 849-858. https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0143622810001141

Ferreira, Vítor Sérgio. 2014. «Artes e Manhas da Entrevista Compreensiva». Saúde & Sociedade, 23, nº 3: 979-992. https://doi.org/10.1590/S0104-12902014000300020

Kvale, Steiner, e Svend Brinkmann. 2014. InterViews: learning the craft of qualitative research interviewing. 3ª edição. Thousand Oaks: SAGE.

Oliffe, John L., Mary T. Kelly, Gabriela Gonzalez Montaner, e Wellam F. Yu Ko. 2021. «Zoom Interviews: benefits and concessions». International Journal of Qualitative Methods, 20: 1–8. https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/16094069211053522

 

10 março O fazer etnográfico: aspetos centrais e sugestões de aprofundamento. Miguel Chaves (NOVA FCSH)

Com base em exemplos de trabalho de campo em contextos urbanos, o objetivo deste seminário é o de explorar aspetos práticos, teóricos e éticos relacionados com o desenvolvimento de investigação etnográfica. Irá incluir temas como a observação participante, entrevistas, uso de documentos, mas também questões relacionadas com processos de 'entrada' no terreno. Será dado ênfase à perspetiva da etnografia focalizada.

 

Bibliografia recomendada

 

Bryman, A. 2016. Social Research Methods. Londres: Oxford University press. (pp. 407-421; 422-437; 438-463; 545-567)

Costa, A. Firmino. 1986. “A pesquisa de terreno em sociologia”. Em A. Santos Silva e J. Madureira Pinto (Orgs.), Metodologia das ciências sociais. Porto: Afrontamento. (pp. 129-148)

Knoblauch, H. "Focused ethnography." Forum qualitative sozialforschung/forum: qualitative social research, 3 (6).

Marvasti, A. 2004. Qualitative research in sociology: An introduction. Londres: Sage. (pp. 34-61)

Wall, S. S. 2015. "Focused ethnography: A methodological adaptation for social research in emerging contexts." Forum Qualitative Sozialforschung/Forum: Qualitative Social Research, 1(16).

Trundle, C., & Phillips, T. 2023. “Defining focused ethnography: Disciplinary boundary-work and the imagined divisions between ‘focused’and ‘traditional’ethnography in health research–A critical review”. Social Science & Medicine, 116108.

 

 


 

17 março Olhar, ver, (re)parar e imaginar. Usos da imagem na pesquisa em ciências sociais. Rosalina Pisco Costa (Univ. Évora)

Esta sessão explora os diferentes usos da imagem na pesquisa em ciências sociais, com foco na investigação sociológica de pendor qualitativo. No contexto mais amplo de uma “cultura visual” e de uma “viragem” contemporânea para a visualidade, o visual é abordado como um meio poderoso de construção social da realidade, logo, de maneiras específicas de ver e imaginar a sociedade. Com base em diversos exemplos da prática investigativa da autora apresentar-se-ão diferentes usos da imagem que vão da recolha de imagens pré-existentes à co-produção e elicitação multimodal. Num contexto em que a cultura visual é fortemente atravessada pela cultura digital, explorar-se-ão modos distintos de usar e ensaiar a visualidade através de metodologias que combinam de modo criativo questionamentos, posicionamentos epistemológicos e artefactos: a fotografia, o vídeo, o desenho, o sketch, o mapping ou a colagem. A discussão expande-se, por fim, para as potencialidades e limites inerentes ao uso destas estratégias, assim como para as principais questões e dilemas éticos suscitados a partir dos contextos de recolha, produção, elicitação, arquivo e disseminação de imagens para fins de investigação científica.

 

Bibliografia recomendada

Berger, John. 1972. Ways of seeing. Penguin Books.

Campos, Ricardo. 2011. «Imagem e Tecnologias Visuais em Pesquisa Social: tendências e desafios». Análise Social, XLVI, nº 199: 237-259. http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1317831186G5cUQ8iz4Gt87CI9.pdf

Rose, Gillian. 2016. Visual Methodologies. An Introduction to Researching with visual Materials. London: Sage

24 março Métodos participativos: por quê e como co-criar conhecimento na nossa investigação Roberto Falanga (ICS-ULisboa)

A sessão sobre métodos participativos debruçar-se-á primeiro sobre os princípios que sustentam a aplicação de métodos que visam co-criar conhecimento com os sujeitos envolvidos na nossa investigação. A seguir, serão apresentados alguns dos principais métodos participativos utilizados em ciências sociais. Finalmente, serão referidos alguns exemplos de casos práticos que visam estimular o debate em sala.

 

Bibliografia recomendada

Jasanoff, S. 2007. Technologies of humility, Nature 450 (33).

Chilvers, J. 2008. Deliberating Competence: Theoretical and Practitioner Perspectives on Effective Participatory Appraisal Practice. Science, Technology, & Human Values, 33(2), 155-185.

Coghlan, D., & Brydon-Miller, M. 2014. Freire, Paulo. In The SAGE Encyclopedia of Action Research, Vol. 2, Sage, pp. 368-371.

31 março Desafios, estratégias e metodologias da investigação online José Alberto Simões (NOVA FCSH)

Apresentação e discussão de aspetos teóricos e metodológicos relacionados com a utilização de procedimentos de investigação online. Para além de uma discussão dos princípios teóricos e epistemológicos associados à pesquisa online, pretende-se apresentar e debater os desafios da utilização de metodologias adaptadas ao terreno “virtual” na sua articulação com metodologias aplicadas também offline. Serão analisados exemplos com sugestões de adaptação desta proposta a contextos concretos de pesquisa.

 

Bibliografia recomendada

Kozinets, Robert V. 2010. Netnography: doing ethnographic research online. London: SAGE.

Markham, Annette N., e Nancy K. Baym, org. 2009. Internet Inquiry: conversations about method. London: SAGE.

Simões, José Alberto. 2017. «Explorando Terrenos Digitais: metodologias de investigação qualitativa online e offline em práticas culturais e de participação juvenis». In Pesquisar Jovens: caminhos e desafios metodológicos, org. Vítor Sérgio Ferreira. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 111-134.

7 abril Métodos mistos e integração de dados Miguel Chaves (NOVA FCSH)

Esta sessão pretende que os alunos fiquem em condições de refletir e de responder de forma documentada e crítica a um conjunto de questões-chave que se colocam à utilização de métodos mistos em ciências sociais, com destaque para as seguintes: O uso de métodos mistos poderá ajudar a ultrapassar insuficiências relacionadas com o uso de métodos isolados? Como selecionar os métodos mistos mais apropriados para um determinado projeto? A sessão será organizada com base nos seguintes pontos: 1. Aspetos básicos da Investigação seguindo métodos mistos. 2.Etapas de planeamento e esquematização de uma investigação, utilizando métodos mistos. 3. A problemática da amostragem. 4. A problemática da integração dos dados. 5. Exemplos de investigações que utilizaram métodos mistos. 6. Discussão.

 

Bibliografia recomendada

Creswell, Jonh W. 2014. A Concise Introduction to Mixed Methods Research. London: SAGE.

Jonhson, R. Burke, Anthony J. Onwuegbuzie, e Lisa A. Turner. 2007. «Toward a Definition of Mixed Methods Research». Journal of Mixed Methods Research, 1 nº 2: 112-133. https://doi.org/10.1177/1558689806298224

Tashakkori, Abbas, e Charles Teddie. 1998. Mixed Methodology: combining qualitative and quantitative approaches. London: SAGE.

28 abril Análise qualitativa de conteúdo: papel, lápis, computação e intuição Rosalina Pisco Costa (Univ. Évora)

Esta sessão (re)descobre a análise qualitativa de conteúdo enquanto técnica transversal adaptada a velhos e novos objetos de estudo. A partir de exemplos provenientes de documentos escritos, áudio e visuais, argumenta-se que a análise de conteúdo, nas suas múltiplas formas, é (ainda) um poderoso instrumento ao serviço da busca pelo significado latente e consequente desocultação do real. Frequentemente adjetivada de ‘intuitiva’ e ‘subjetiva’, insistir-se-á no esforço do trabalho metódico e no rigor dos procedimentos que lhe estão associados, seja quando levada a cabo de forma manual ou com recurso a software específico. Para além da apresentação e exploração de variantes da análise qualitativa de conteúdo, a sessão discute questões que vão desde a constituição do corpus e leitura flutuante, codificação e categorização de small e big data, interpretação e validade, à escrita científica, considerações éticas, apresentação e disseminação de resultados.

 

Bibliografia recomendada

Braun, V., & Clarke, V. (2020). Can I use TA? Should I use TA? Should I not use TA? Comparing reflexive thematic analysis and other pattern-based qualitative analytic approaches. Counselling and Psychotherapy Research, 1–11. https://doi.org/10.1002/capr.12360

Costa, Rosalina. 2019. «‘Hello from the Other Side’: listening to data, slow science and the quest for validity in qualitative content analysis processes». Sentio: An Interdisciplinary Social Science Journal, 1, nº 1: 9-14. https://sentiojournal.uk/wp-content/uploads/2020/02/SentioJournal_Issue1_article01_Costa.pdf

Kuckartz, Udo. 2019. «Qualitative Content Analysis: from Kracauer’s beginnings to today’s challenges». Forum: Qualitative Social Research / Sozialforschung, 20, nº 3: n.p.. https://doi.org/10.17169/fqs-20.3.3370

Miles, Matthew B., Michael A. Huberman, e Johnny Saldaña. 2014. Qualitative Data Analysis: a methods sourcebook. 3ª edição. Los Angeles: SAGE.

Neuendorf, Kimberly A. 2017. The Content Analysis Guidebook. 2ª edição. London: SAGE.

 

5 maio Balanço científico e pedagógico Equipa coordenadora

Balanço científico e pedagógico: discussão entre estudantes e equipa coordenadora.